sábado, 28 de julho de 2012
Protesto dos caminhoneiros afeta a BR-020, na Bahia
Em busca de melhores condições de trabalho, caminhoneiros realizam
paralisação em vários estados do país, no terceiro dia do movimento.
Além de Minas Gerais, onde a Rodovia Fernão Dias foi bloqueada, os
motoristas também realizaram protestos no Espírito Santo e na Bahia. A
mobilização está sendo coordenada pelo Movimento União Brasil
Caminhoneiro (MUBC) e sindicatos estaduais. Na Bahia, o protesto dos
motoristas começou por volta das 18h de quinta-feira (26). Eles ocuparam
a BR-020 a altura do km 206, próximo ao município de Luís Eduardo
Magalhães. A pista foi liberada na manhã desta sexta, por volta das
9h15. Segundo a PRF, um dos líderes do movimento foi detido. No
Espírito Santo, a paralisação dos caminhoneiros começou na quarta-feira
(25), ocupando parte das rodovias BR-262 e BR-101. Durante a madrugada
de quinta, os motoristas bloquearam toda a pista da BR-262, impedindo a
passagem de caminhões, sendo liberado apenas o trânsito de carros. A
Justiça do Espírito Santo ordenou que os manifestantes liberassem a
pista até a meia-noite de quinta. Segundo informações da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), aos poucos os caminhoneiros foram se retirando
e, às 8h desta sexta, a pista já estava livre.
Segundo o caminhoneiro e um dos diretores do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais (Sinditac-MG),
Antônio Vander Silva Reis, a classe tenta negociar melhorias com o
governo há anos, mas nada foi definido. "Estamos fazendo uma
manifestação pacífica por tempo indeterminado. Vamos voltar ao trabalho
apenas quando o governo decidir negociar com o presidente do MUBC, Nélio
Botelho". Os caminhoneiros protestam contra resoluções estabelecidas
pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que trouxeram
prejuízos para a categoria. Segundo Antônio Reis, os motoristas não
estão conseguindo transportar por causa dos altos valores de impostos e
pela desregulamentação do mercado. "Não vale mais a pena ser
caminhoneiro hoje, estamos sendo perseguidos, massacrados", disse o
diretor.
Outra resolução criticada trata do regime de descanso dos caminhoneiros.
A partir de segunda-feira, segundo a determinação, os caminhoneiros
devem ter, no mínimo, 11 horas de descanso diário a cada 24 horas
trabalhadas, e descanso semanal de 35 horas. Além disso, os
caminhoneiros devem fazer um intervalo mínimo de 30 minutos a cada
quatro horas dirigidas. Antônio Reis alega que a medida é impossível de
ser comprida pela falta de locais apropriados para os motoristas
pararem. "Não tem lugar de parar, às vezes temos que rodar mais de 100
quilômetros para encontrar um ponto de parada de caminhões. É um
absurdo. Não podemos nem parar em postos de gasolina, se não
abastecermos", desabafa o caminhoneiro. O sindicalista também denuncia
que as reivindicações não são atendidas porque a maioria dos sindicatos
que representam a categoria está irregular. "Existem muitas pessoas
incompetentes defendendo a classe", ressaltou.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que os caminhoneiros que
se sentirem lesados por causa de sindicato irregular podem fazer
denúncia anônima ao MPT. Caso o sindicato represente apenas a categoria
estadual, a denúncia pode ser feita na Procuradoria Geral do Trabalho
daquele estado. Mas, se o sindicato representar a classe em nível
nacional, então a denúncia pode ser feita junto ao MPT. Em nota, a ANTT
informou que "vem mantendo negociações com representantes dos
caminhoneiros buscando o aperfeiçoamento dos requisitos para inscrição
no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) e
das normas relativas ao pagamento eletrônico de frete, além de outras
questões, que devem passar por ampla discussão entre todos os
interessados e serem incluídas na agenda regulatória da agência". A
agência reguladora disse ainda que "sempre esteve e continuará à
disposição dos transportadores rodoviários, pessoas físicas ou
jurídicas, para discutir e efetivar medidas que busquem harmonizar os
interesses de prestadores e usuários dos serviços de transporte
rodoviário".Fonte: Agência Brasil
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